Como Jesus e os Apóstolos Enxergavam a Bíblia: Autoridade, Inspiração e Propósito Divino

Descubra como Jesus e os apóstolos enxergavam a Bíblia e por que a consideravam a Palavra viva e autoritativa de Deus. Explore a maneira como Cristo utilizou as Escrituras em Seu ministério, confirmou sua inspiração divina e demonstrou seu cumprimento profético. Saiba também como os apóstolos fundamentaram sua pregação e doutrina na autoridade bíblica, desafiando as visões relativistas da era pós-moderna.

BÍBLIA

Raniel de Carvalho

2/6/20254 min ler

Na era pós-moderna, a Bíblia tem sido amplamente reinterpretada através de lentes filosóficas que questionam sua inspiração e autoridade. Para muitos, ela deixou de ser a visão de Deus sobre o homem e passou a ser vista como a visão humana sobre Deus. Essa perspectiva seculariza o texto sagrado, minimizando ou eliminando seu elemento sobrenatural. Contudo, tanto Jesus quanto os apóstolos demonstraram uma visão completamente diferente. Para eles, as Escrituras eram a palavra viva de Deus, carregadas de autoridade divina, orientação moral e profecias confiáveis. Este artigo explora como Jesus e os apóstolos compreenderam e utilizaram o Antigo Testamento.

A Autoridade das Escrituras Segundo Jesus

Jesus frequentemente se referia ao Antigo Testamento como fundamento de Sua missão e ensinamentos. Durante Sua tentação no deserto, relatada em Mateus 4, Ele repetidamente usou a expressão "Está escrito" para confrontar Satanás. Isso demonstra que Jesus não apenas reconhecia a autoridade das Escrituras, mas também as via como a fonte suprema de verdade espiritual e moral.

Ao responder à tentação do apetite, Ele citou Deuteronômio 8:3, enfatizando que "não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4:4). Esse padrão se repetiu nas demais tentações, reforçando que Jesus considerava as Escrituras a defesa mais poderosa contra o mal. Para Cristo, a Palavra de Deus era definitiva, não sujeita a argumentos ou interpretações humanas inconsistentes.

Além disso, Jesus nunca questionou a historicidade ou autenticidade das Escrituras. Ele tratou eventos como a criação, o dilúvio e os escritos de Moisés como fatos históricos, demonstrando Sua confiança plena na Bíblia como registro fiel da atuação divina na história.

Jesus e a Lei de Deus

Ao longo de Seu ministério, Jesus reafirmou a validade e a importância da Lei de Deus, muitas vezes citando os Dez Mandamentos e os princípios morais do Antigo Testamento. Quando confrontado pelos fariseus e saduceus, Ele não apenas defendia as Escrituras, mas também corrigia interpretações erradas. Em Mateus 22:37-40, ao resumir a Lei em dois mandamentos – amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a si mesmo – Jesus não estava anulando a Lei, mas ressaltando seu espírito e propósito.

Essa abordagem elevava a compreensão da Lei, mostrando que sua essência era o amor e a justiça. Ao citar a "Lei e os Profetas", Jesus também confirmava que o Antigo Testamento, em sua totalidade, era a base da vida e da fé.

As Escrituras como Cumprimento Profético

Após Sua ressurreição, Jesus utilizou o Antigo Testamento para explicar Sua missão e morte. No caminho para Emaús, Ele afirmou que "começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24:27). Isso enfatiza que Jesus via o Antigo Testamento como um testemunho coeso e profético de Sua vinda.

Ao referir-se à Lei de Moisés, aos Profetas e aos Salmos, Jesus indicava que todas as Escrituras apontavam para Ele. Ele abriu o entendimento dos discípulos, revelando como as profecias sobre o Messias se cumpriram em Sua vida, morte e ressurreição. Isso não apenas reforça a autoridade da Bíblia, mas também demonstra que ela é central para compreender o plano de salvação.

A Perspectiva dos Apóstolos

Os apóstolos, seguindo o exemplo de Jesus, trataram o Antigo Testamento como a Palavra autoritativa de Deus. Suas cartas estão repletas de citações e alusões às Escrituras. Para eles, a Bíblia era a base de toda doutrina, ética e pregação.

Paulo, por exemplo, em Romanos 15:4, escreveu: "Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito". Ele destacou que as Escrituras proporcionam esperança, instrução e encorajamento. Além disso, em 2 Timóteo 3:16-17, ele afirmou que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça".

Os apóstolos também reconheceram o papel profético do Antigo Testamento. Em Atos 2, Pedro explicou o evento do Pentecostes à luz da profecia de Joel, demonstrando que eles viam as Escrituras como uma ferramenta vital para interpretar os eventos atuais.

A Relação Entre a Escritura e Deus

Tanto Jesus quanto os apóstolos afirmaram que a Bíblia não é apenas um registro humano, mas a própria Palavra de Deus. Ao citar passagens do Antigo Testamento, eles frequentemente atribuíram suas palavras diretamente a Deus.

Em Mateus 19:4-5, por exemplo, Jesus cita Gênesis, dizendo: "O Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: 'Por esta causa deixará o homem pai e mãe'". Aqui, Ele atribui ao Criador as palavras de Moisés, mostrando que considerava Deus o autor final das Escrituras.

Os apóstolos seguiram a mesma lógica. Em Gálatas 3:8, Paulo afirmou que "as Escrituras, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, preanunciou o evangelho a Abraão". Isso demonstra que, para eles, o texto bíblico era inseparável da voz de Deus.

A Bíblia na Missão Cristã

Para Jesus e os apóstolos, a Bíblia era central para a missão de espalhar o evangelho. Em Mateus 28:18-20, Jesus ordenou que Seus seguidores ensinassem "todas as coisas" que Ele havia ordenado, indicando que Seu ministério estava firmemente enraizado nas Escrituras.

Os apóstolos entenderam que o cumprimento dessa missão exigia um entendimento claro e profundo da Bíblia. Por isso, dedicaram-se a ensinar e explicar como as Escrituras apontavam para Cristo e Sua obra redentora.

A visão de Jesus e dos apóstolos acerca da Bíblia contrasta fortemente com as interpretações relativistas da era pós-moderna. Para eles, as Escrituras eram a autoridade suprema, a base de toda verdade e o registro do plano de Deus para a humanidade.

Ao seguir o exemplo de Cristo, somos chamados a valorizar a Bíblia como Palavra viva e eficaz, capaz de transformar vidas. Que possamos não apenas estudá-la, mas também vivê-la, confiando que ela é o fundamento inabalável de nossa fé.